domingo, 20 de outubro de 2013

Importação de médicos é reflexo da falta de planejamento, diz Campos

Em congresso de saúde, governador de PE criticou vinda de estrangeiros.
Ele disse que é preciso providências para medida não ser permanente.


           
Katherine Coutinho Do G1 PE

    Para o presidente nacional do PSB, a carência de médicos no País dificultou formação de equipes do PSF (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Para o presidente nacional do PSB, a carência de médicos
no País dificultou formação de equipes do PSF
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, criticou neste domingo (20) a necessidade de importar médicos estrangeiros. Segundo ele, a medida teria sido fruto de falta de planejamento. Campos discursou na abertura do 51º Congresso Brasileiro de Educação Médica, no Centro de Convenções, em Olinda, Grande Recife, e fez as críticas na presença de representantes do Ministério da Saúde, entre eles o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mozart Sales, que cuidou diretamente das atividades do programa Mais Médicos no estado.

“Na hora que você precisa trazer pessoas de fora, médicos de fora, para cobrir a falta que tem de médicos em muitas realidades do Brasil, é porque lá trás não percebemos que estávamos formando menos profissionais do que a população precisava. E é preciso que se tome as providências hoje para não ser uma coisa permanente na vida brasileira você ter que importar médicos”, afirmou, explicando que a crítica não é para um programa específico, mas para a questão do planejamento.

A preocupação com a formação de profissionais, ressaltou o governador, tem que se repetir em outras áreas estratégicas do Brasil, como a engenharia. “Para formar um médico, você precisa de dez anos. Então, houve um processo de redução de vagas de medicina nas escolas públicas nos idos de 1990 e início dos anos 2000. As consequências disso estão sendo sentidas hoje na vida de quem administra municípios mais distantes dos grandes centros, que tem a maior dificuldade de montar seus PSFs [unidades do Programa de Saúde da Família], suas policlínicas e tudo isso desmonta para cima do que há na rede assistencial das grandes cidades”, comentou.

O presidente nacional do PSB destacou ainda a necessidade de se discutir a questão do subfinaciamento da saúde, tecnologias, além da questão da carreira para os profissionais de saúde que querem se dedicar ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Nós precisamos discutir a formação de pessoas, o planejamento estratégico que toda nação deve ter. Daqui a 20 anos, quantas pessoas nós vamos precisar na área de energia renovável? Daqui a 20 anos, quantos profissionais de saúde vamos precisar com a população ficando mais velha? Hoje em dia, nós temos uma população bem diferente de algumas grandes nações, temos um perfil jovem, novo, mas daqui há 20 anos não vai estar dessa mesma forma e isso tem impacto sobre a rede de saúde. Se você não fizer cenários e planejamento, você fica administrado dia a dia e dá nisso”, disparou.

Aliança PSB e Rede
Questionado se o programa de apoio a atividades agroecológicas, lançado pela presidente
Dilma Rousseff, seria já uma resposta à aliança recente entre a Rede e o PSB, Campos afirmou não saber e reiterou que, mesmo tendo saído do governo, continua apoiando políticas que acredita serem importantes.

“Acho que iniciativas positivas do governo a gente tem que apoiar, inclusive a gente tem esse compromisso, de fazer política desse jeito. Fiz assim aqui [em
Pernambuco] desse jeito, quando sucedi um governo e tinhas coisas boas, eu cuidei de preservar as coisas boas do governo que me precedeu, acho que esse é o jeito correto de se fazer política. Aquilo que o governo fizer de bom para o Brasil no nosso entender, vai ter a nossa solidariedade, essa é uma boa iniciativa”, disse, acrescentando que esse “bom” tem que ser algo que “tenha consistência e não seja algo eleitoral”.

Campos adiantou também que já tem um rascunho do documento que deve trazer as posições do partido para as conjunturas atuais. A prévia deve ser apresentada na reunião do PSB em São Paulo, prevista para 28 de outubro. “Houve reuniões do nosso pessoal, já começaram a preparar esse documento, a ideia é que seja apresentado para cerca de cem convidados, que vão fazer o aprofundamento desse documento. Já tem uma primeira boneca que está indo para debate”, apontou.



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