Dez cubanos receberam comunicado em Bauru para sair do Mais Médicos
Prefeitura estima que cidade perderia 13% da capacidade do atendimento básico; com isso, o município deixaria de atender, semanalmente, 960 consultas
Thiago Navarro
Renan Casal/JC Imagens |
Médicos cubanos chegaram a Bauru em março de 2014; hoje, são 10 profissionais na cidade |
O anúncio do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sobre a participação de profissionais cubanos no Mais Médicos, após atritos com o governo de Cuba, vai impactar diretamente no atendimento da rede básica de Bauru. Atualmente, são 23 profissionais do programa atuando no município, sendo dez cubanos e 13 brasileiros. A Prefeitura Municipal confirma que os cubanos receberam comunicado de seus responsáveis para sair do Mais Médicos.
Apesar disso, até agora, pouca coisa está certa, pois o governo eleito só tomará posse em janeiro do ano que vem.
A Secretaria de Saúde, inclusive, ainda espera uma formalização do Ministério da Saúde antes de um posicionamento no assunto. "Não fomos formalizados pelo Ministério da Saúde, porém, os médicos cubanos receberam comunicado de seus responsáveis. Atualmente, o Mais Médicos conta com 26 vagas junto aos serviços de atenção básica no município sendo que 23 profissionais estão atuando. Do total dos 23 profissionais atuantes, 10 são cubanos e 13 são brasileiros", destaca a nota enviada pela assessoria de imprensa da prefeitura, em resposta a pedido do JC, no final da tarde dessa quarta-feira (14).
IMPACTOS
A prefeitura estima em perda de até 13% de atendimentos na rede básica. O município de Bauru possui um total de 2.863 horas médicas semanais na atenção básica - unidades básicas e saúde da família.
Caso ocorra o desligamento dos médicos cubanos, perderá 400 horas semanais de atendimento, passando a ter 13,97% a menos na sua capacidade, totalizando 2.463 horas. O município deixará de atender, com isso, semanalmente, 960 consultas médicas, ou seja, 3.840 consultas mensais, sendo essas ofertadas nas três áreas básicas - pediatria, clínica médica e ginecologia. "Além disso, parte dos usuários acompanhados na modalidade domiciliar AD1(Atenção Domiciliar - atendimento das pessoas acamadas em casa) poderão sofrer com a desassistência", frisa a nota da prefeitura.
Outro dado que dá a dimensão do impacto é que, apenas entre maio e setembro deste ano, o Mais Médicos fez mais de 20 mil atendimentos no município.
Possibilidade preocupa a administração
Apesar de nada ter sido formalizado pela União para a Prefeitura de Bauru, o município admite que, caso a situação se concretize, haverá perda de quantidade e qualidade de atendimentos. Em entrevista ao JC, o prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSD) frisou que o serviço dos médicos cubanos gera pouca despesa ao município. "Esses profissionais vêm para o município pagos pelo governo federal, e fazem vários atendimentos. Certamente, perderemos um número grande de consultas", avaliou.
O secretário municipal de Saúde, José Eduardo Fogolin, também afirma que está preocupado. Ele é o vice-presidente do Conselho Estadual dos Secretários de Saúde e faz parte do Conselho Nacional. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) também deve entrar no caso. "Os médicos cubanos são os únicos que estão atuando em vários municípios. E, em outros, como em Bauru, a saída deles provocaria uma descontinuidade da assistência. A gente não consegue contratar dez médicos de uma vez. Eles são profissionais que atuam 40 horas semanais cada, em várias especialidades, atuando em regiões de vulnerabilidade social. Estamos bastante preocupados e, junto a outros municípios, estamos nos mobilizando para que a decisão seja alterada", lembrou.
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